terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pensar Arte

Após passar três meses envolvido em projetos expositivos começo o ano com esta primeira postagem escrevendo sobre o que realmente nos faz sentir bem. Organizar uma exposição requer muita paciência, coragem e um pouco de audácia, já que todos nós somos diferentes e temos pensamentos bem distintos...(ainda bem). Mas o que realmente gostaria de destacar é que numa exposição individual ou coletiva precisamos não só ter uma idéia mas sim criar uma atmosfera com uma boa energia havendo uma abertura para um diálogo com outros expositores e também com as pessoas envolvidas no projeto. Pode parecer simples mas talvez seja a parte mais difícil e tenebroso de uma curadoria seja ela sua ou de outros artistas. Assim vejo que não há importância em opiniões adversas que possam surgir pois o que realmente almejo é a Arte enquanto poética da superação.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Site Specific

Após um longo período somente produzindo e organizando exposições decidi para o ano de 2011, logo em fevereiro realizar uma ação Site Specific. Está tudo muito no começo e após alguns dias de descanso realizarei esta ação com trabalhos inéditos. Aos poucos irei postando imagens dos desenhos e projetos que serão colocados em prática.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Montagens de exposições


A exposição já montada e devidamente etiquetada e alguns casos onde até o catálogo está impresso é tudo muito bonito e belo. Todos nós sabemos que para chegar até a montagem de uma exposição foram meses e alguns casos anos de preparação. Contatos, burocracias administrativas, coquetéis, convites, divulgação e toda uma estrutura por trás de todo esse "glamour" criado nas artes visuais. Mas o que mais tem me fascinado é como as obras tem uma vida própria. No final elas tomam o poder de toda uma visão já imposta pelo olhar que caminha naturalmente diante de cada trabalho a ser exposto. Uma energia que nem mesmo nós artistas temos o controle de tudo isso.
Obras que absorvem e exprimem toda essa energia no espaço expositivo invadem a nossa discilpina do olhar que parece estar carregado de sabedoria mas tão pouco de ingenuidade.  Toda a exposição tem o seu lado belo e feio mas nada se compara ao magnífico fluxo de uma montagem expositiva.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O que desenhar

Nestes últimos 15 anos de produção desenhei muitas imagens, figurações e também experimentei inúmeras técnicas. Atualmente gero uma imagem analisando o suporte na qual irei trabalhar.
Nos últimos anos resolvi trabalhar em diversos suportes como madeira, papel, plástico, tela, tecido, acrílicos, pedras, etc. Mas na minha próxima exposição estou me sentindo mais livre e espontâneo sem mais preocupar com a linha que irei seguir. Quando propus a ingerir e digerir tudo que gosto e que me possa supreender a minha produção se tornou mais livre. Acho que isso que todos nós procuramos durante o longo período de pesquisa.
Sinto que eu não possuía essa liberdade sempre me preocupando com o estilo que vou seguir, a linha que vou produzir e uma constante geração de imagens. Hoje faço um verdadeiro mix de coisas que chamam e que chamaram a atenção dentro do meu olhar mental e físico. As cores ainda são coadjuvantes e as figuras mantém o status do protagonista mas isso tudo é muito irrisório, as imagens são meros meios ou uma desculpa para produzir uma instalação. O significado é pura balela, a ação é o mais importante das minhas convicções sobre arte enquanto arte. Sobre a mesa disponho um papel, nela faço um gesto com a tinta e as figuras entram de maneira muito sutil e fugaz. Não quero criar, quero apenas sugerir que algo de errado está para dar mais errado ainda...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Como Nascem os Desenhos

Nas minhas últimas produções e a cada novo processo de execução de um projeto expositivo tenho me libertado da idéia de "precisar"seguir um padrão para um determinado conjunto. Literalmente joguei fora este conceito. Faço o que me der na alma e na cabeça, não me importa o que os outros vão achar, creio eu
que assim posso raciocinar melhor. Quanto mais absurdo o nível que se chega a minha cabeça melhor  o resultado de um trabalho. Quanto mais organizo e pré-elaboro um projeto mais  não consigo realizar um trabalho animador.
Às 8:00 h da manhã procuro estar no ateliê, mas antes umas 5:00h da manhã me vem algumas imagens que gostaria de executar, então acordo e anoto num pedaço de papel para não me esquecer. Produzo tudo pela manhã antes da hora do almoço. A parte da tarde dedico mais aos serviços externos. Reuniões, serviços de banco, compras de materiais, visitas às exposições...  O retorno só se dá depois do jantar às 20:00 h quando o serviço no ateliê é mais um processo de contemplação e análise do que foi feito naquele dia. As bobagens, uma boa idéia, uma nova experimentação,e enfim, uma auto-crítica noturna. Prefiro trabalhar na parte da manhã pois gosto do nascer do sol que nos dá a idéia de mais um dia de renovação e novos desafios. A cabeça não está "poluída", sinto que estou mais ingênuo e menos irritado. A imagem gerada surge muitas vezes do nada, mas creio que estas imagens estavam armazenadas no meu inconsciente quando tenho minhas andanças pela cidade. Tento captar a energia do espaço onde estou, não me interessam ver as pessoas ou a arquitetura, mas a energia interna de cada pessoa e de cada lugar. O metrô lotado não me interessa mas quando ele parte nos deixa algo de uma extrema convicção de que tudo é muito efêmero apesar da longa duração do tempo e da nossa vivência. Essas energias se transformam em imagens que eu procuro reproduzir de uma forma muito rápida no suporte que eu escolhi para aquele momento. Acho que meu trabalho sempre falta algumas coisa pois me torno também um espectador bem após a execução delas. Prefiro não ter uma prévia como um rascunho mas o rascunho virar o meu trabalho. Portanto uma exposição para mim vale como um processo de experimentação e não de um trabalho final...Com isso percebo muitos defeitos que só vejo na minha exposição após a montagem. E isso me motiva a criar algo melhor para as minhas próximas exposições.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ateliê

               
Preciso de um lugar para pensar, refletir e criticar a minha própria produção. Este lugar não pode ser outro a não ser o conhecido ateliê do artista. Alguns já acham este nome um tanto ultrapassado com as chegadas das novas mídias portanto para estes todo o campo de vivência já se tornou um único ateliê como as suas casas, as ruas e qualquer lugar que seja o seu local de produção. Mas para mim e para muitos o ateliê ainda é o espaço que considero como um templo. Isso também vale para os famosos cubos brancos. Adoro o cubo branco embora muitos achem o lugar mais falso para abrigar a arte. Não vejo desta maneira, vejo o cubo branco como um templo onde as peças que serão expostas são fontes de energias captadas pelos espectadores sejam elas reais ou imaginárias. O tradicional ateliê espalhadas com tintas, papéis, projetos, rasuras, pincéis, jornais, tudo isso são ferramentas para um infinito pensamento. Embora meu ateliê seja um apartamento pequeno, ali eu resolvo a maior parte dos meus projetos. Onde reflito tudo que fiz e tudo que ainda vou fazer, um lugar onde faço minhas próprias críticas pós exposição, algo que falhou, algo que deu certo e algo que ainda está por acontecer. O momento mais relevante é quando justamente no ateliê acontecem os meus verdadeiros  "masterpieces" embora ainda ache esse nome um tanto prepotente, porém é onde as obras nascem e também morrem sem pedir licença para entrar ou sair...

domingo, 17 de outubro de 2010

Quando terminar um quadro

Quando terminar um quadro...uma questão recorrente para maioria dos artistas. Para mim, um desenho, uma pintura, um objeto, não importa, nunca está finalizado. Por esta razão necessitamos de continuar uma produção uma depois da outra.  Mas se formos ver por unidade, por cada trabalho, continuo pensando o mesmo, pelo menos para mim, dou um ponto final no trabalho quando o desenho me surpreende em algum ponto durante o processo de execução. Se isto vier cedo termino o quanto antes. Algumas vezes deixo o desenho por dois, três até cinco anos na gaveta e quando revejo o trabalho depois de muito tempo recomeço a trabalhar até que ele volte a me surpreender, o que foi no caso da foto do desenho acima. Muitos artistas não gostam de redesenhar por cima algo que estava acabado, mas para mim o desenho nunca termina. Eles apenas sofrem um processo de mutação dentro do nosso olhar. E a cada novo olhar encontro um detalhe ou um traço que ainda não havia sido identificado. Não posso ter a pretensão de que domino o desenho, ele tem um poder bem acima de nós mesmos. Por isso a cada novo desenho é uma batalha, mas não uma batalha carregada de ira mas de combater o lado intelectual e organizadora do cérebro. Uma forma de exprimir o máximo da liberdade sem rejeitar a questão estética e plástica das artes visuais, uma das mais instigantes formas de apreciação.