sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Como Nascem os Desenhos

Nas minhas últimas produções e a cada novo processo de execução de um projeto expositivo tenho me libertado da idéia de "precisar"seguir um padrão para um determinado conjunto. Literalmente joguei fora este conceito. Faço o que me der na alma e na cabeça, não me importa o que os outros vão achar, creio eu
que assim posso raciocinar melhor. Quanto mais absurdo o nível que se chega a minha cabeça melhor  o resultado de um trabalho. Quanto mais organizo e pré-elaboro um projeto mais  não consigo realizar um trabalho animador.
Às 8:00 h da manhã procuro estar no ateliê, mas antes umas 5:00h da manhã me vem algumas imagens que gostaria de executar, então acordo e anoto num pedaço de papel para não me esquecer. Produzo tudo pela manhã antes da hora do almoço. A parte da tarde dedico mais aos serviços externos. Reuniões, serviços de banco, compras de materiais, visitas às exposições...  O retorno só se dá depois do jantar às 20:00 h quando o serviço no ateliê é mais um processo de contemplação e análise do que foi feito naquele dia. As bobagens, uma boa idéia, uma nova experimentação,e enfim, uma auto-crítica noturna. Prefiro trabalhar na parte da manhã pois gosto do nascer do sol que nos dá a idéia de mais um dia de renovação e novos desafios. A cabeça não está "poluída", sinto que estou mais ingênuo e menos irritado. A imagem gerada surge muitas vezes do nada, mas creio que estas imagens estavam armazenadas no meu inconsciente quando tenho minhas andanças pela cidade. Tento captar a energia do espaço onde estou, não me interessam ver as pessoas ou a arquitetura, mas a energia interna de cada pessoa e de cada lugar. O metrô lotado não me interessa mas quando ele parte nos deixa algo de uma extrema convicção de que tudo é muito efêmero apesar da longa duração do tempo e da nossa vivência. Essas energias se transformam em imagens que eu procuro reproduzir de uma forma muito rápida no suporte que eu escolhi para aquele momento. Acho que meu trabalho sempre falta algumas coisa pois me torno também um espectador bem após a execução delas. Prefiro não ter uma prévia como um rascunho mas o rascunho virar o meu trabalho. Portanto uma exposição para mim vale como um processo de experimentação e não de um trabalho final...Com isso percebo muitos defeitos que só vejo na minha exposição após a montagem. E isso me motiva a criar algo melhor para as minhas próximas exposições.

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