quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Editais e seus Efeitos Colaterais

Refletir, pensar, produzir e expôr...uma constante em minha vida nestes últimos 15 anos. Demorei 06 anos para ser selecionado no Programa Anual de Exposições do Centro Cultural São Paulo. Mais 10 anos para ser selecionado na Temporada de Projetos do Paço das Artes. Os dois editais mais concorridos na época e um dos mais concorridos até hoje. Apesar de hoje estarem abrindo inúmeros editais para jovens artistas em formação e até para os que transitam em meio de carreira como o Prêmio Marcantonio Vilaça e a Bolsa da Fundação Iberê Camargo entre outros...
Mas depois que você é selecionado e depois que você realiza as exposições nestes espaços fica uma sensação de ter cumprido uma missão. Missão ?  Na época para mim entrar nestas duas editais foram quase uma obssessão até que consegui...está certo que foi muito bacana, consegui vários contatos depois disso, até vendas consegui...mas mesmo com tudo isso fica um vazio e uma sensação de abandono. Não digo que estas instituições tem o dever de sustentar o artista selecionado pelo resto da vida, não falo da instituição em si, mas de como as coisas no caminho do artista não depende de tudo isso. Hoje estou prestes a completar 40 anos de idade e 15 de carreira, vejo as coisas de modo bem diferente. Não crio mais uma ilusão, pois sou uma ilusão também. Nada foi criado para ser eterno e vejo que o artista hoje pode muito bem não ser o mais rebeldes do seres como muitos gostariam que fossem, mas que as pessoas já não precisam de heróis ou de um guerrilheiro como um Super-Homem, um Rambo, um Huck ou a porcaria que for, estamos tornando únicos. Pensamentos coletivos, atitudes coletivas, ações coletivas e isto tem a tornar as coisas muito mais pacatas. A internet é um grande exemplo disso como é o celular e as outras mídias epidêmicas que se alastram a cada dia e a cada ano em todo o mundo. Hoje apenas crio, organizo minhas próprias exposições, vendo os trabalhos rebelando a minha maneira. Talvez a única forma de se gritar calado num mundo para surdos...

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