domingo, 12 de dezembro de 2010

Site Specific

Após um longo período somente produzindo e organizando exposições decidi para o ano de 2011, logo em fevereiro realizar uma ação Site Specific. Está tudo muito no começo e após alguns dias de descanso realizarei esta ação com trabalhos inéditos. Aos poucos irei postando imagens dos desenhos e projetos que serão colocados em prática.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Montagens de exposições


A exposição já montada e devidamente etiquetada e alguns casos onde até o catálogo está impresso é tudo muito bonito e belo. Todos nós sabemos que para chegar até a montagem de uma exposição foram meses e alguns casos anos de preparação. Contatos, burocracias administrativas, coquetéis, convites, divulgação e toda uma estrutura por trás de todo esse "glamour" criado nas artes visuais. Mas o que mais tem me fascinado é como as obras tem uma vida própria. No final elas tomam o poder de toda uma visão já imposta pelo olhar que caminha naturalmente diante de cada trabalho a ser exposto. Uma energia que nem mesmo nós artistas temos o controle de tudo isso.
Obras que absorvem e exprimem toda essa energia no espaço expositivo invadem a nossa discilpina do olhar que parece estar carregado de sabedoria mas tão pouco de ingenuidade.  Toda a exposição tem o seu lado belo e feio mas nada se compara ao magnífico fluxo de uma montagem expositiva.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O que desenhar

Nestes últimos 15 anos de produção desenhei muitas imagens, figurações e também experimentei inúmeras técnicas. Atualmente gero uma imagem analisando o suporte na qual irei trabalhar.
Nos últimos anos resolvi trabalhar em diversos suportes como madeira, papel, plástico, tela, tecido, acrílicos, pedras, etc. Mas na minha próxima exposição estou me sentindo mais livre e espontâneo sem mais preocupar com a linha que irei seguir. Quando propus a ingerir e digerir tudo que gosto e que me possa supreender a minha produção se tornou mais livre. Acho que isso que todos nós procuramos durante o longo período de pesquisa.
Sinto que eu não possuía essa liberdade sempre me preocupando com o estilo que vou seguir, a linha que vou produzir e uma constante geração de imagens. Hoje faço um verdadeiro mix de coisas que chamam e que chamaram a atenção dentro do meu olhar mental e físico. As cores ainda são coadjuvantes e as figuras mantém o status do protagonista mas isso tudo é muito irrisório, as imagens são meros meios ou uma desculpa para produzir uma instalação. O significado é pura balela, a ação é o mais importante das minhas convicções sobre arte enquanto arte. Sobre a mesa disponho um papel, nela faço um gesto com a tinta e as figuras entram de maneira muito sutil e fugaz. Não quero criar, quero apenas sugerir que algo de errado está para dar mais errado ainda...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Como Nascem os Desenhos

Nas minhas últimas produções e a cada novo processo de execução de um projeto expositivo tenho me libertado da idéia de "precisar"seguir um padrão para um determinado conjunto. Literalmente joguei fora este conceito. Faço o que me der na alma e na cabeça, não me importa o que os outros vão achar, creio eu
que assim posso raciocinar melhor. Quanto mais absurdo o nível que se chega a minha cabeça melhor  o resultado de um trabalho. Quanto mais organizo e pré-elaboro um projeto mais  não consigo realizar um trabalho animador.
Às 8:00 h da manhã procuro estar no ateliê, mas antes umas 5:00h da manhã me vem algumas imagens que gostaria de executar, então acordo e anoto num pedaço de papel para não me esquecer. Produzo tudo pela manhã antes da hora do almoço. A parte da tarde dedico mais aos serviços externos. Reuniões, serviços de banco, compras de materiais, visitas às exposições...  O retorno só se dá depois do jantar às 20:00 h quando o serviço no ateliê é mais um processo de contemplação e análise do que foi feito naquele dia. As bobagens, uma boa idéia, uma nova experimentação,e enfim, uma auto-crítica noturna. Prefiro trabalhar na parte da manhã pois gosto do nascer do sol que nos dá a idéia de mais um dia de renovação e novos desafios. A cabeça não está "poluída", sinto que estou mais ingênuo e menos irritado. A imagem gerada surge muitas vezes do nada, mas creio que estas imagens estavam armazenadas no meu inconsciente quando tenho minhas andanças pela cidade. Tento captar a energia do espaço onde estou, não me interessam ver as pessoas ou a arquitetura, mas a energia interna de cada pessoa e de cada lugar. O metrô lotado não me interessa mas quando ele parte nos deixa algo de uma extrema convicção de que tudo é muito efêmero apesar da longa duração do tempo e da nossa vivência. Essas energias se transformam em imagens que eu procuro reproduzir de uma forma muito rápida no suporte que eu escolhi para aquele momento. Acho que meu trabalho sempre falta algumas coisa pois me torno também um espectador bem após a execução delas. Prefiro não ter uma prévia como um rascunho mas o rascunho virar o meu trabalho. Portanto uma exposição para mim vale como um processo de experimentação e não de um trabalho final...Com isso percebo muitos defeitos que só vejo na minha exposição após a montagem. E isso me motiva a criar algo melhor para as minhas próximas exposições.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ateliê

               
Preciso de um lugar para pensar, refletir e criticar a minha própria produção. Este lugar não pode ser outro a não ser o conhecido ateliê do artista. Alguns já acham este nome um tanto ultrapassado com as chegadas das novas mídias portanto para estes todo o campo de vivência já se tornou um único ateliê como as suas casas, as ruas e qualquer lugar que seja o seu local de produção. Mas para mim e para muitos o ateliê ainda é o espaço que considero como um templo. Isso também vale para os famosos cubos brancos. Adoro o cubo branco embora muitos achem o lugar mais falso para abrigar a arte. Não vejo desta maneira, vejo o cubo branco como um templo onde as peças que serão expostas são fontes de energias captadas pelos espectadores sejam elas reais ou imaginárias. O tradicional ateliê espalhadas com tintas, papéis, projetos, rasuras, pincéis, jornais, tudo isso são ferramentas para um infinito pensamento. Embora meu ateliê seja um apartamento pequeno, ali eu resolvo a maior parte dos meus projetos. Onde reflito tudo que fiz e tudo que ainda vou fazer, um lugar onde faço minhas próprias críticas pós exposição, algo que falhou, algo que deu certo e algo que ainda está por acontecer. O momento mais relevante é quando justamente no ateliê acontecem os meus verdadeiros  "masterpieces" embora ainda ache esse nome um tanto prepotente, porém é onde as obras nascem e também morrem sem pedir licença para entrar ou sair...

domingo, 17 de outubro de 2010

Quando terminar um quadro

Quando terminar um quadro...uma questão recorrente para maioria dos artistas. Para mim, um desenho, uma pintura, um objeto, não importa, nunca está finalizado. Por esta razão necessitamos de continuar uma produção uma depois da outra.  Mas se formos ver por unidade, por cada trabalho, continuo pensando o mesmo, pelo menos para mim, dou um ponto final no trabalho quando o desenho me surpreende em algum ponto durante o processo de execução. Se isto vier cedo termino o quanto antes. Algumas vezes deixo o desenho por dois, três até cinco anos na gaveta e quando revejo o trabalho depois de muito tempo recomeço a trabalhar até que ele volte a me surpreender, o que foi no caso da foto do desenho acima. Muitos artistas não gostam de redesenhar por cima algo que estava acabado, mas para mim o desenho nunca termina. Eles apenas sofrem um processo de mutação dentro do nosso olhar. E a cada novo olhar encontro um detalhe ou um traço que ainda não havia sido identificado. Não posso ter a pretensão de que domino o desenho, ele tem um poder bem acima de nós mesmos. Por isso a cada novo desenho é uma batalha, mas não uma batalha carregada de ira mas de combater o lado intelectual e organizadora do cérebro. Uma forma de exprimir o máximo da liberdade sem rejeitar a questão estética e plástica das artes visuais, uma das mais instigantes formas de apreciação.

Produção atual

Após inúmeros salões, editais e concursos de arte finalmente no final de 2006 fui convidado a fazer parte integrante de uma galeria em Belo Horizonte, logo no ano seguinte realizei minha primeira individual numa galeria comercial,  depois  estava na SP-Arte, e começando a ter um contato mais "real" neste mundo da arte atual ainda não vivenciado...O que foi bacana foi que colecionadores importantes como o    Gilberto Chateaubriand se interessou em meus trabalhos e adquiriu uma série completa dos meus desenhos. Porém com o passar do tempo fui percebendo que o artista não pode estar divagando apenas neste universo da criação pomposa que se estabaleceu no mercado das artes. Sempre tive o pé no chão mas agora mais do que nunca quero estar livre para produzir o que bem entender, o que me faça feliz por dentro, que me instigue mais do que qualquer outra coisa.  O verdadeiro artista não se vende às regras impostas pelo mercado e muito menos a instituições ou modismos que a cada nova edição de uma Bienal isso fica muito claro e explícito. Não só das Bienais mas de outras manifestações "falsas" artísticas que me incomodam muito.  Enfim, a minha produção atual é ser o que sou e o que sempre fui e o que sempre serei. Um solitário na busca de uma imagem ainda não captada por mim. A constante busca pela minha verdadeira "iluminação" através das artes visuais.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Editais e seus Efeitos Colaterais

Refletir, pensar, produzir e expôr...uma constante em minha vida nestes últimos 15 anos. Demorei 06 anos para ser selecionado no Programa Anual de Exposições do Centro Cultural São Paulo. Mais 10 anos para ser selecionado na Temporada de Projetos do Paço das Artes. Os dois editais mais concorridos na época e um dos mais concorridos até hoje. Apesar de hoje estarem abrindo inúmeros editais para jovens artistas em formação e até para os que transitam em meio de carreira como o Prêmio Marcantonio Vilaça e a Bolsa da Fundação Iberê Camargo entre outros...
Mas depois que você é selecionado e depois que você realiza as exposições nestes espaços fica uma sensação de ter cumprido uma missão. Missão ?  Na época para mim entrar nestas duas editais foram quase uma obssessão até que consegui...está certo que foi muito bacana, consegui vários contatos depois disso, até vendas consegui...mas mesmo com tudo isso fica um vazio e uma sensação de abandono. Não digo que estas instituições tem o dever de sustentar o artista selecionado pelo resto da vida, não falo da instituição em si, mas de como as coisas no caminho do artista não depende de tudo isso. Hoje estou prestes a completar 40 anos de idade e 15 de carreira, vejo as coisas de modo bem diferente. Não crio mais uma ilusão, pois sou uma ilusão também. Nada foi criado para ser eterno e vejo que o artista hoje pode muito bem não ser o mais rebeldes do seres como muitos gostariam que fossem, mas que as pessoas já não precisam de heróis ou de um guerrilheiro como um Super-Homem, um Rambo, um Huck ou a porcaria que for, estamos tornando únicos. Pensamentos coletivos, atitudes coletivas, ações coletivas e isto tem a tornar as coisas muito mais pacatas. A internet é um grande exemplo disso como é o celular e as outras mídias epidêmicas que se alastram a cada dia e a cada ano em todo o mundo. Hoje apenas crio, organizo minhas próprias exposições, vendo os trabalhos rebelando a minha maneira. Talvez a única forma de se gritar calado num mundo para surdos...

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Salões de Arte e seus Efeitos Colaterais

De 1996 à 2005 participei de inúmeros Salões de Arte e Editais, acho que era uma das alternativas para mim como para milhares de outros artistas que estavam focando se estabelecer no mercado das artes.
Principalmente no final dos anos 90, praticamente passei o ano todo enviando para salões pois as galerias e as instituições estavam ainda muito estagnadas em relação às alternativas que poderiam fazer acontecer, mas acho que até hoje isso não mudou muito e nem irá mudar tão cedo por mais otimista que eu seja. Especificamente em 1999 cheguei a participar de 08 salões, ou seja,  passei o ano todo só produzindo para salões. Afinal eram os únicos espaços que ainda nos davam uma oportunidade para expôr nossos trabalhos e alguns eventos paralelos aconteciam como debates, encontros  conversas com artistas...mas tudo isso foi muito importante para mim, porém os salões tem prazo de validade em nossas carreiras, elas não propiciam um maior intercâmbio e acabam não gerando uma rede de extensão expositiva onde todos possam continuar produzindo e crescendo a cada nova edição. Os prêmios ainda eram os únicos motivos para serem o principal objetivo de um salão, mesmo assim com os baixos valores oferecidos, em muitos casos os gastos que tivemos em produzir, fotografar, embalar, enviar e ainda retirar as obras não cobriam os valores adquiridos. As vendas quase não aconteciam num salão e tudo isso são apenas arquivados em catálogos que se acumulam em nossas estantes alimentando de poeiras e algumas traças...
Apesar de tudo, os salões são ainda uma das alternativas para os jovens iniciarem uma trajetória e começar a mostrar seus trabalhos mesmo com as poucas vantagens oferecidas.

sábado, 9 de outubro de 2010

Começando na profissão

No início de 1998 parece que algo dentro de mim estava em ebulição, parecia um desejo hibernado ao longo dos anos estar vindo à tona na minha cabeça e na minha alma. O desejo de voltar a desenhar como nos tempos de criança era grande. Foi assim que comecei uma série de pequenos desenhos em papel canson utilizando materiais mais simples possíveis, justamente para criar algo tosco e direto como na infância. Os desenhos acadêmicos que realizei durante a Faculdade já não me interessavam, queria algo meu mas ao mesmo tempo carregando influências de artistas como A.R. Penck, Baselitz, Iberê Camargo, Antoni Tápies, Franz Kline entre outros. Numa tarde recebi um edital de um Salão de Campinas onde iriam realizar o 4o. Salão de Arte Contemporânea e neste edital pediram para enviar cinco desenhos e seriam selecionados somente duas. Foi quando produzi o desenho da foto acima. Fiz muito rápido pois o prazo para a inscrição estava quase expirando. Fotografei, revelei e enviei ao Salão. O resultado veio quase duas semanas depois onde me comunicaram que eu havia sido premiado com grande medalha de ouro. Fiquei super feliz pois o primeiro prêmio da minha vida como artista havia sido na cidade onde passei a infância ao lado da minha querida avó falecida dois anos antes.  Na noite de abertura dentro de mim dediquei o prêmio a Dona Santa, minha avó...Um dos jurados me chamou no canto e me disse que estava aliviado por eu ser um artista de verdade, pois ele confessou ter suspeitado de um trote tirando um sarro com os jurados enviando desenho que parecia de uma criança mas ficou feliz ao saber que era um trabalho sério e consistente.  Quando fui receber o prêmio ouvi muitos aplausos mas também muitas vaias e gritos dizendo que o júri foi injusto premiando um desenho tão mal acabado. Pensei: "Fodam-se" eles... e fui receber o prêmio com um sorrisão estampado no rosto.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Experimentações

Pouco a pouco comecei a abandonar a idéia de imitar trabalhos de outros artistas e buscar a minha própria linguagem, no final de 1997 parei de pintar e iniciei uma série de trabalhos ligados à ready made. Nesta fase estava um boom de objetos realizados com sangue, parafina, tecidos, bonecas e etc. Comigo não foi diferente, fui na reigão do Brás e comprei umas madeirinhas e realizei este objeto que nem título tem...hoje acho que tudo isso foi uma fase de experimentações. Ou seja até hoje meus trabalhos são experimentações de uma vivência que ainda improviso um universo particular ou não. O que pesou no trabalho da foto é a dor no bolso que sofri depois, havia tomado uma multa feia por causa do lugar proibido que havia deixado o carro para ir comprar estas benditas madeirinhas. Ficou horrível o trabalho mas que custou caro para mim, isso custou...

Imitando e aprendendo - Parte IV

Entre 1996 à 1997 experimentei tantas técnicas e uma delas é a foto acima que é de um trabalho onde tive uma fase que fiquei maluco com as obras do artista Yves Klein, eu estava louco para comprar um quadro dele mas com o meu orçamento só deu para comprar um livro dele...Como estava em fase de experimentações resolvi montar uma tela com base de cadeira velha, estiquei uma lona usada e por cima comecei a ocupar a tela com areia, pigmentos em azul ultramar, tinta acrílica e pva.  Não ficou nada parecido com a pintura do Klein mas pelo menos tinha uma tela onde vivenciei uma fase azul.  Até hoje ela não sofreu nenhum dano ou alteração de cor. Pelo menos tenho ela há 14 anos comigo. Ela está mais tempo comigo do que qualquer namorada que tive.

Imitando e aprendendo - Parte III

Não quero fazer do blog um diário com cronogramas, mas acho legal escrever um pouco o processo de como as coisas começam e continuam nas nossas vidas. No final de 1995 já dizendo adeus à vida acadêmica, pintei a tela acima que mede 50 x 70 cm em menos de uma hora, neste período estava tão fascinado com as pinturas do grupo COBRA que precisava exorcizar dentro de mim esta vontade, o que acho válido para qualquer artista em início de carreira. Quando pintei esta tela estava tão despretencioso que foi a tela mais livre e natural que já pintei. Não vendo por nada, se é que alguém queira comprar... O título é "O Menino do Sorriso Amarelo".  Nesta época tive uma visita de uma vizinha que trouxe junto com ela o filho de 02 aninhos e quando ele viu esta tela me disse: "Gotei dexe". Pensei: "Estou no caminho certo"...O melhor elogio é de uma criança, pois elas são verdadeiras e espontâneas.

Imitando e aprendendo - Parte II

No final do ano de 1995 a tristeza de dizer adeus à Faculdade foi dolorosa mas ao mesmo tempo estava animado para encarar novas experiências dentro do circuito das artes o que até hoje não está sendo nada fácil. Mas creio que a felicidade de um ser humano é viver e fazer o que realmente traz uma alegria interior ao lado das pessoas que almejam o seu bem, o resto é correr atrás. Em 1996, um ano depois de me formar comecei a trabalhar no escritório de uma corretora de seguros.  Entre uma jornada de trabalho no escritório passava as noites pintando telas. No ano anterior havia frequentado o curso de pintura na Fundação Bunkyo onde fui aluno do professor Bin Kondo, artista do grupo Phases dos anos 60. Assim dediquei a parte da noite nas pinturas experimentais imitando artistas como o grupo da Casa 7, o COBRA do Karel Appel e os neoexpressionistas alemães.  O detalhe da foto acima mostra a fase que passei gastando tubos e mais tubos de tinta à óleo que havia herdado do meu pai tentando compreender a forma de produção de uma pintura gestual. Foi um período muito desgastante, pois queria passar mais tempo dedicando à pintura. Na época estava muito preocupado em definir um estilo próprio, na qual hoje acho isso uma grande bobagem.

Imitando e aprendendo

Nos intervalos das aulas o que mais gostava de fazer além de saborear o salgado do boteco da esquina, era frequentar a biblioteca da Faculdade, pegava livros e mais livros onde conheci e aprendi muito sobre artistas contemporâneos além dos mais antigos. O desenho acima foi feito numa das aulas de releituras de obras de arte. Peguei um livro do artista russo Vassili Kandinsky e reproduzi uma das obras utilizando guache e pastel. Não era uma coisa legal ficar copiando e reproduzindo um trabalho já realizado mas foi muito bom ter uma pequenina idéia dos problemas que o artista percorreu durante a produção...acho que foi bom para desmistificar essa idéia pouco inteligente de achar que fazemos coisas novas e sim de sermos uma continuidade de que constantemente estamos carregando uma influência dos artistas do passado para também assim deixar alguma coisa bacana para novas gerações que ainda irão por vir.

Meus primeiros trabalhos na Faculdade - Parte III

Lembro que no ano de 1994 quando as aulas de fotografia eram aos sábados o pessoal ficava muito animado pois saíamos nos arredores da rua Alvaro Alvim e Rio Grande para realizarmos as fotos e isso era muito divertido. Realizei a minha primeira foto acima em frente à Faculdade. Até hoje como podem perceber não sou um bom fotógrafo e isso foi uma das frustrações na minha vida. Gostaria muito de aprofundar meus conhecimentos sobre a fotografia...mas...enfim, foi um período muito enriquecedor para mim e quem sabe ainda posso me tornar um bom fotógrafo.

Meus primeiros trabalhos na Faculdade - Parte II

Foi também na Faculdade que me deparei pela primeira vez com a gravura e toda a sua técnica, apesar de apreciar muito a gravura não foi uma modalidade, se é que assim que posso chamar, que me atraía a continuar com o aprendizado. Hoje percebo que a gravura necessita de uma impressionante habilidade mental motora para se realizar e uma paciência incrível.
Nesta foto a gravura em metal é quase uma cópia do trabalho de Ben Shan, apenas incluí a melancia e a paisagem tropical ao fundo. Pouco a pouco abandonei a gravura e depois de me formar nunca mais realizei um trabalho em gravura. Gostaria muito de retomar mas acho que com o caminho que os meus trabalhos tomaram ficou cada vez mais distante meu confrontamento diante de uma prensa.  Ainda bem que no Brasil existem gravadores excepcionais citando já o conhecidíssimo e mestre Evandro Carlos Jardim...
 mas confesso que ainda sou mais Iberê Camargo...

Meus primeiros trabalhos na Faculdade

Após um ano de supletivo acelerando o término do colegial, dei finalmente adeus as áreas exatas para entrar somente no mundo onde eu queria estar. Quando comecei a frequentar a Faculdade de Belas Artes no Bairro de V. Mariana em São Paulo, não sonhava em ser artista tanto é que nem sabia sequer o que era um portfólio, só queria saber de aprender o ofício da arte em si. Adorava estar entre os meus colegas num  ambiente rodeado de cavaletes, tintas, telas e objetos para serem utilizados em desenhos de observação tais como moringas, frutas de plástico, canecas e etc. Achava aquilo o máximo e as horas passavam voando quando estava nas aulas de desenho e pintura.  Como resolvi fazer licenciatura era também obrigado a assistir as aulas para formação de professores, a parte menos prazeirosa do curso. As aulas de história de arte aos sábados eram demais, apesar de serem aulas teóricas o prof. Antônio Santoro sabia lecionar como ninguém aquelas matérias. Tudo isso aconteceu entre os anos de 1993 à 1995 quando já estava com 24 anos. Acho que foram os melhores anos de toda a minha vida acadêmica.  Na foto acima um dos primeiros desenhos realizados na disciplina de desenho de observação com o excelente Prof. Latorre.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meus primeiros desenhos - Parte II

A segunda foto é de um desenho feito quando já havia completado 10 anos de idade. 
Neste período era fã incondicional do "Bang-Bang" que passava nas Sessões da Tarde
da vida comendo biscoitos recheados e tomando iogurte.  Percebo hoje o por que tento
montar uma história quando  preparo uma instalação. Mesmo quando era criança,
adorava  brincar não só de bonequinhos e cavalinhos mas precisava ter uma historinha
que na maioria  das vezes era a repetição desses filmes de faroeste. 
Mais tarde comecei a ter desejos de seguir a carreira de cartunista ou desenhista de
quadrinhos, cheguei a enviar um desenho num concurso no Japão mas foi recusado,
aos 12 anos mandei para o Salão de Humor de Piracicaba onde também fui recusado.
Quando me tornei adolescente, decidi aprender violão clássico com o Prof. Décio Bento
que ainda vejo na sacada do local onde ele ainda leciona música na Praça João Mendes,
um pouco mais idoso, porém um ótimo músico e professor.
No período entre 15 a 21 anos de idade me afastei completamente das artes visuais
não mais desenhando e sim dedicando somente aos estudos e a música pois após três
sucessivas reprovações em matemática tive que terminar num supletivo para acelerar
minha ida na Faculdade de Artes.

Meus primeiros desenhos

Em abril de 2011 completo 40 anos de idade.  Hora de refletir tudo que fiz e tudo que ainda farei.Resolvi postar minhas primeiras impressões neste blog por incentivo da minha querida amiga Thais Beltrame, artista que admiro como pessoa e artista.Confesso que estar em frente a um computador escrevendo minhas memórias não é nada confortante já que passei minha vida inteira escrevendo diários mas todas guardadas a sete chaves.Mas aqui é diferente, considero mais uma impressão do que um mero diário o que me motiva a escrever sobre os meus acontecimentos junto às pessoas que me rodeiam. Na primeira foto postada é de um desenho que fiz quando tinha 6 anos de idade na casa da minha avó materna, a querida Dona Santa, a quem homenageio este primeiro post. Eu costumava datar os desenhos e citar o lugar onde foi feito o desenho.  Passava todo o final de semana em Campinas com meus primos brincando e correndo como qualquer criança. Mas sempre dedicava um horário para desenhar de preferência depois do jantar.
Adorava desenhar todas as noites e este é um dos muitos desenhos que minha mãe guardou até os dias de hoje. Acho que por isso continuo até hoje fazendo o que sempre gostei de fazer, desenhar. Mas nunca imaginei que havia uma profissão de artista plástico. Quando pequeno lembro que na casa da minha avó meu pai pintava alguns quadros à óleo, mas aquilo nunca me chamava a atenção a não ser o forte cheiro da terebintina e as manchas de tinta nas calças após esbarrões na tela.